segunda-feira, 14 de março de 2011

O Homem na Estrada - Parte 2

O Homem Na Estrada

A 1ª parte da musica nos apresenta o local onde ocorrerá a historia da nossa personagem, ou seja, o homem na estrada, um recém saído do sistema carcerário que de volta a liberdade tenta recomeçar sua vida, em meio à mesma violência e miséria que foi criado e que consequentemente foi um dos fatores que o levou a ingressar no sistema carcerário Brasileiro.

Mano Brown nos ilustra a situação do local, um barraco equilibrado em um barranco (quase um trocadilho) pronto para desmoronar na 1ª chuva de verão, onde nem o IBGE quer voltar, onde temos casos constantes de violências bárbaras. (Como diz o GOG na musica ‘Brasília Periferia’: “Estupros assaltos fatos corriqueiros.”)

Como criar um filho dignamente num lugar comparável ao inferno?

É isso que a personagem se pergunta, perde até o sono por esse motivo, e lhe pesam a má reputação e sua ficha criminal, aqui percebemos que esse “homem na estrada” jamais terá novamente sua vida de volta.

Mano Brown continua a descrever-nos o local, em um dia quente, que não tem água (já é rotina) e nos mostra um dos grandes problemas das periferias, ou melhor, um dos grandes problemas do mundo, o álcool !!!

Essa droga que leva o cidadão a espancar a própria mãe, é apontada pelos Racionais como uma das fontes de mal que ali existem, e quem lucra com isso, são os mesmos que fazem campanha contra o tráfico e consumo de drogas nas comunidades.

As cenas daquele cotidiano continuam, com crianças nas ruas, tentando conseguir algum alimento, sem perspectiva de educação e um futuro melhor, aqueles que conseguem trabalhar e melhorar de vida, são vitimados pela violência do bairro, e correm riscos constantemente de assaltos, balas perdidas, etc.

Depois mano Brown nos fala sobre o crack, eu não vivi essa fase, mais imagino que nos primeiros anos dessa terrível droga no Brasil, ela tenha chegado de forma avassaladora, matando e viciando muita gente, que desconhecendo o potencial viciante e destrutivo do crack, tiveram suas vidas destruídas, e os traficantes lucraram e lucram com isso, ganhando dinheiro através do derramamento de sangue e lágrimas desses viciados e famílias, eles tem grande clientela, e pessoas influentes que patrocinam essas atrocidades.

A 2ª parte da musica nos leva a acontecimentos que culminariam de forma suspeita com a morte da personagem principal, ocorre uma onda de assaltos e os policias vão resolvem fazer buscas na favela (claro).

E nossa personagem com sua vasta ficha criminal, é um dos suspeitos das ondas de assaltos, claro, ele esta marcado, amaldiçoado, sujo, (“Como se fosse uma doença incurável, no seu braço a tatuagem, DVC, uma passagem, 157 na lei….”) com o peso de ser egresso do sistema carcerário, abandonado a própria sorte, muitas vezes, abandonados até pela família, e para sempre será considerado ex-presidiário.

Nossa personagem esta cercada, não tem a quem recorrer, a não ser a sua própria arma, que pouco poderá fazer contra o grupamento de homens “lá fora” armados e com sede de sangue, nossa personagem sabe que não vão pedir seu RG, não querem saber se ele tem envolvimento com os crimes recém cometidos, eles querem alguém, um bode expiatório para levar a mídia.
Quando morre um ex-presidiário, um negro, um cara pobre, um mendigo, ninguém quer saber o motivo, ninguém quer apurar a verdade, é só na reportagem dizer que o individuo tinha passagem pela policia, que o individuo morto, tinha cocaína no bolso, isso faz com o senso de culpa da sociedade seja ofuscado, mais não podemos nos limpar desse sangue, não podemos nos limpar de tanto sangue inocente que é derramado nesse país.
A musica termina da forma como a personagem “premeditou” (“Premeditando o final que já conhecem bem”) o barraco é invadido, o homem é fuzilado, seu corpo é “dispensado” em alguma estrada, ninguém sente pena, ou ninguém se interessa em saber a historia verdadeira, de um homem assassinado covardemente em sua casa (se é que se pode chamar de casa), a frase na manchete que faz nosso sentimento de culpa desaparecer é ……”A Vítima tinha vasta ficha criminal”.

Eu quero mandar um salve, a todas as periferias do Brasil, não importa sua cor, raça, religião, partido, opção sexual, ideologia, há alguma coisa que nos une acima da nacionalidade, regionalidade, língua ou credo........ é a POBREZA !

Boy Do Subterrãneo

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